E AS CHUVAS CHEGARAM


Mansinhas, delicadas e frias

Alegres? Tristes? Incômodas?

Não sei dizer.

Mas gosto do cheiro de terra molhada quando ela começa, do seu barulhinho batendo na vidraça, do frescor ou mesmo do frio intenso que a sucede.

Elas me trazem à lembrança, lá de um longínquo passado, uma menina pobre, mas muito alegre.

Tudo que ela tinha para brincar era uma folha de jornal com a qual fez um barquinho que pôs a navegar na enxurrada que descia apressada pela sarjeta.

- Saia da chuva, menina!

- Já vou, deixe só soltar o meu barquinho

- Venha pra dentro. Você está toda molhada!

- Ah Mamãe! A chuva está fininha.

- Você vai acabar ficando doente.

- Deixa eu! Não sou de açucar! Não vou derreter


A mãe, já impaciente, arrasta a filha chorando pelo braço, obriga-a a tomar um banho quente, colocar um agasalho e ficar olhando a chuva através da janela fechada invejando as crianças abandonadas que podem ficar o dia todo na rua tomando chuva e sentindo-se a mais infeliz das criaturas por ter uma mãe preocupada com ela

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Maith
Enviado por Maith em 27/06/2013
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