O Parto
Parto com gosto de amora na boca
Ao aumentar a distância de ti, o palato doce e amargo são mesclados
Misto de leveza e lastro que se intensificam ao passar das estações
A composição leva para longe
O abismo que antes era intransponível, se torna uma valeta
Fina como teus cachos, tão longa quanto teus devaneios
Vamos, andemos no trilho, pois isso nos ensinam
A matilha tem que seguir seu rumo, mesmo sendo este perdido
Motejado como âmago de hiena
Abusados somos ao deflagar o curso da discórdia
Mudos ao ver o fim da linha
Surdos ao escutar a Voz da Razão
Mudemos como os ofídios
Trocam a sova, mas não seu voto
Acuminado grafite em papel delicado
Um parto, uma eclosão, um fado
Transfigura o poder de escolha
Bonifrate defensor de seus membros