OLHAR ATRAVÉS DAS LEMBRANÇAS

... é tristeza?! Não sei ao certo, mas sinto um aperto no peito
cada vez que me lembro do olhar tristes dos bois em sua marcha bamboleante levando no lombo um ou dois anus a lhe comer os carrapatos.
A poeira que vem ao longe, vem misturada com o cheiro do estrume fresco
e ao passar pelas capoeiras ainda encontra uma 'brecha' para trazer o cheiro das flores, aquelas, bem miúdas e perfumadas aquelas que ninguém olha e nem sabe o nome.
A boiada caminha sem pressa, sem tempo, sem hora, seguindo os passos um atrás do outro, vez em quando um mugido longo e triste quebra o silêncio da tarde modorrenta.
Escorada num velho troco de bapeba, eu deixo o olhar acompanhar o desenho das nuvens________ o que vem lá?! A chuva talvez...
Me pergunto: que gosto tem essa chuva que traz em seu bojo o cheiro da "bosta fresca" dos bois?!
O vento se amoita na copa da velha árvore e eu entrevada, me perco no rodamoinho de folhas que desce antes mesmo que a chuva se de conta.
O tempo dos bois, é o mesmo tempo que me prende nas lembranças.

 
Luciah Lopez
Enviado por Luciah Lopez em 06/05/2013
Reeditado em 01/05/2014
Código do texto: T4277304
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