Embaraço
Talvez sejamos artistas
Talvez sejamos pedreiros
O juízo da arte é apenas descortês
Já que a aprovação vem da estética
E não do conceito, da dedicação
Essas delações não são atuais
São de dois séculos atrás
Muito se viu, pouco se manteve
A raça humana tem fortuna
Branca e suscetível como a neve
A norma para aproar o senso
Nos faz batel em rio sublevado
Ostentada defronte granito
Revira-se no turbilhão
Mas, efêmera, enxerga a margem
Como nos fazemos irresolutos
Como? Se nosso bilhete já foi comprado
Talvez sejamos apenas um bando de minhocas num covil
Solícitos a nos tutelar
Com a perfídia da moral
Diligência ao nosso ócio
Vamos conceber algo novo, justo
Abjuguemos o que consideramos franco à nossa permanência
Esqueçamos a avidez arca
Subdividimos o que é recente, para nos embeber
Manante que prenuncia evolução
Todavia não garante valia
Ora desatino, ora comodismo
Seria nosso arcabouço vacilante?
Ou mera proveniência?