Embaraço

Talvez sejamos artistas

Talvez sejamos pedreiros

O juízo da arte é apenas descortês

Já que a aprovação vem da estética

E não do conceito, da dedicação

Essas delações não são atuais

São de dois séculos atrás

Muito se viu, pouco se manteve

A raça humana tem fortuna

Branca e suscetível como a neve

A norma para aproar o senso

Nos faz batel em rio sublevado

Ostentada defronte granito

Revira-se no turbilhão

Mas, efêmera, enxerga a margem

Como nos fazemos irresolutos

Como? Se nosso bilhete já foi comprado

Talvez sejamos apenas um bando de minhocas num covil

Solícitos a nos tutelar

Com a perfídia da moral

Diligência ao nosso ócio

Vamos conceber algo novo, justo

Abjuguemos o que consideramos franco à nossa permanência

Esqueçamos a avidez arca

Subdividimos o que é recente, para nos embeber

Manante que prenuncia evolução

Todavia não garante valia

Ora desatino, ora comodismo

Seria nosso arcabouço vacilante?

Ou mera proveniência?

Leonardo Pitanga
Enviado por Leonardo Pitanga em 06/04/2013
Reeditado em 16/12/2018
Código do texto: T4226199
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