AS SOMBRAS DO PASSADO

Ao encerrar mais um dia deste chuvoso verão, preparava-me para retornar de meu cantinho na roça. O sol com seus raios aprisionados pelo denso nevoeiro perderam sua majestade. Em transição pelas alturas ouço piar as aves, envolve-me a mutação da natureza com os seus murmúrios no açoite do vento. E um místico mistério transporta-me ao meu enigmático imaginário. O momento é mágico, mas o tédio e a tarde sombria levou-me de encontro à saudade. Retomo no meu caminho as velhas estradas do passado. Rememorando estou agora preso aos amigos, objetos e coisas que não voltam mais, perco-me no tempo em devaneios, e por momentos divago pela imensidão sombria do meu retroágido e nostálgico cotidiano. Ponho-me a contemplar a paisagem. Ao sul nas alturas cúmulos e cirros se aglomeram formando torreões Castelares, encimadas por dunas gigantescas no contraste de brancura com o negrume do nevoeiro. As recordações são inevitáveis e o meu coração da tudo de si para que o envio de oxigênio á mente seja suficiente para suportar as lagrimas que fluem da alma. E como uma tábua de salvação no meio deste dilúvio emocional, abre-se uma pequena fenda na linha do horizonte por onde o sol pode dizer adeus com nuanças lançadas por seus raios coloridos, mostrando que nem tudo é solidão e que por mais sombria que seja... A vida continua...
 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 20/01/2013
Reeditado em 07/04/2014
Código do texto: T4094752
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