Solidão

Antigamente, pensava eu que ela chegava junto com a noite. Que o escuro favorecia os sentimentos turvos, o medo e fazia renascer os traumas. Era quando vinham minhas primeiras missivas (maneira como ainda não as chamava), fazendo valer o preceito de que poeta é homem triste.

Entre os seus rostos nada de olhares. Entre os seus braços inexistiam abraços, mas que como laços aprisionavam quem por frágil se fazia, mesmo quando não fingia dos outros precisar. Suas vestes arrendavam tantos corpos e compravam tantas mentes e seus dotes convenciam até os crentres transformando-os em descrentres.

Hoje, ela não tem hora para chegar. Não depende da lua, do tempo ou do lugar. Chega mesmo é solitária fazendo companhia para quem não tem seu lar.

12.08.08