mato

há um gesto

que desafoga

o rasgo do frio

e me liberta

em pedacinhos

para o abismo

e o vazio

vôo

sem me deixar

a lembrança de uma porta

que me esconde

o resto de mim

ainda

em cárcere

(o sonho ainda tem

grades)

e quando sinto a serra

teu cheiro e neblina

pouco posso mudar

o muro

de vida

que me dilacera

ao horizonte

e que não me deixa

correr

rasguem-me

mas deixem-me

que corra

em direcçção

ao mato

que me acende

TODA

para os mundos

que se escondem

de mim

sentir as folhas soltas

ao vento

de um crepúsculo

rosa

que me rasga de saudade

até que exausta

não faz mais sentido

voar

labiríntica

a toada que me impõe

sem ritmo

a vida

que se descolore

sem pulso.