JARDIM PERDIDO

No jardim malcuidado do coração

Ervas daninhas criaram fortes raízes

Sufocaram os brotos de sentimento

Ramos de hera e urzes na laje fria...

Não foram arrancadas a tempo

Parasitaram tuas forças e jazes exangue

Deprimente monturo a que te reduzes

Não há mais tempo, não há...

Devia ter lhe contado antes

Mas temia a lâmina de teu desprezo

Porém o corte chegou súbito, brutal

Indiferente, mortal!

Já não há sementes nem folhas

Que dirá flores e frutos

Os restos não servirão nem para húmus

Pois corromperão o solo onde se deitem!

Ressecada a seiva, estragados os grãos

Da safra do que sequer nasceu nada se colherá

Senão o amargo vazio do pó e da areia

Do tempo que escorre sem nunca passar!

Anankhe
Enviado por Anankhe em 27/02/2012
Reeditado em 28/02/2012
Código do texto: T3523811
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