CARTA DO PAI

ABERTURA DE RODEIO

(Elias Alves Aranha)

(para época de Dia dos Pais)

Quase no fundo do poço, quando ainda bem moço,

Sem amigos, sem dinheiro no bolso, fui procurar o meu PAI.

Infeliz, injuriado, triste e desamparado,

Desgostoso, revoltado, JÁ NÃO SUPORTAVA MAIS.

Falei de meus problemas, desilusões, do dilema,

Pela realização de meus sonhos não iria mais lutar.

Já estava transformado em um homem derrotado.

O velho calmo e risonho começou a me falar:

Já fiz amigos fraternos que não foram ternos a mim,

Já fui amado e não soube amar

Lutei para esquecer pessoas inesquecíveis

Tentei substituir pessoas insubstituíveis

Gritei e pulei de tanta felicidade

Fiz de tudo para perdoar erros imperdoáveis

Como também fiz coisas por impulso

Decepcionei-me com pessoas que jamais pensei me decepcionar.

Já abracei para proteger mas também decepcionei alguém

Virei noites navegando nas redes sociais

Chorando sentado no chão do banheiro

Sorria quando não devia lamentar os meus ais.

Fazia juras eternas e outras não tão duradouras

Ouvindo música e olhando fotos começava chorar

Ligava só para escutar uma voz

Cheguei a ponto de por um sorriso me apaixonar.

Também Já fui levada nos braços multidão afora

Cheguei pensar que morreria de tanta saudade

Acabei descobrindo que sou o autor da minha própria história,

E o desfecho sou eu quem dou com muita habilidade!

Meu filho, esta narrativa tem o tom de confidencia,

É a voz de minha consciência falando ao seu coração,

É linguagem clara e suave, espontânea como vento,

Levando ao seu sentimento minha mais doce afeição.

Eu lhe direi nestes versos, tudo que sente o seu pai,

Tudo em que meu peito vai, transbordando como um rio.

Eu lhe direi sem reserva, porque a você simplesmente,

Eu não voto amor somente, em você, filho, eu confio.

Você é luz, é bondade, beleza interior,

É fonte jorrando AMOR, É AVE AQUECENDO O NINHO.

Eu sou o pássaro vivido, com as asas já fatigadas,

Que ao fim, de tantas jornadas precisa de seu carinho.

Agora é que eu compreendo porque a criança em verdade,

Tem tantas necessidade de amparo, amor e atenção.

É que também meu filho, o poeta é uma criança,

Carente de segurança, afeto e compreensão.

Embora a força aparente um homem forte e de muito brilho,

As vezes, "Aranha Filho", seu pai se sente tão só.

Tão fraco, tão inseguro, tão faminto de afeição,

Que a dor de meu coração a mim mesmo causa dó.

Por isso é que eu dedico, a você com tanto apego,

Porque é nesse aconchego, que eu renovo a própria fé.

Afeição é seiva viva que circula no organismo,

E ativa o metabolismo, mantendo a vida de pé.

É assim meu filho, que se sente,

Teu velho pai em face de luta insana.

Procurando nas lides do presente,

Incorporar o sonho à vida humana.

O sonho para mim é a realidade,

Que vibra no meu mundo interior.

Parcela de mim mesmo, claridade,

Da qual me faço o foco projetor.

Mas o mundo se faz tão diferente

E o panorama é tão desolador.

Que o coração dos homens já não sente,

A voz do sonho acalentando o amor.

Apesar disso, se quiseres, viver bem entre homens e mulheres,

Escuta agora ao que teu pai te diz:

Não recuses SONHAR, pois só quem SONHA,

Torna sua existência risonha e pode de algum modo ser feliz.

DEUS ajuda os homens por meio dos próprios homens,

Ajunte-se ás pessoas, mesmo aparentado não serem tão boas,

Elas ajudam a ganhar o pão. Nunca desisti, comprei fazenda, comprei boi.

Tudo isso, quem me deu? DEUS! Eu sei que foi.

Ouvindo aquelas palavras TRANSFORMEI NUM BEBÊ CHORÃO,

Caí de joelhos prostrados, com lágrimas molhei o chão.

Levantei os olhos pro céu qual um desvalido ao léu,

Gritando forte com fé, a DEUS pedi o perdão.

Vendo o meu pranto o meu pai, não se hesitou a falar:

Filho, estou orgulhoso de seu gesto de humildade.

Jesus também chorou na casa de Marta e Maria,

Porém o desespero e o lamento transformaram em alegria.

A lágrima é fresco orvalho a regar O CORAÇÃO,

É flor a tremer no galho do jardim da emoção.

A lágrima é doce prece feita com os lábios da alma,

Que nos conforta e enternece e nossas dores acalma.

Toda a lágrima é divina seja de dor ou de saudade,

Ela é gota cristalina de nossa emotividade.

Quando lágrimas serenas umedecem nossos olhos,

Nossas mágoas, nossas penas já não são duros abrolhos.

Sentimos nosso vigor animando as nossas almas,

E bendizemos a dor, SORRINDO E BATENDO PALMAS!

Elias Aranha
Enviado por Elias Aranha em 09/02/2012
Reeditado em 02/10/2015
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