SOLO PARA A VIDA ETERNA
Solo para a vida eterna
Isabel C S Vargas
Descobri que preciso de luzes para ofuscar meu olhos e me impedir de ver as estrelas, a lua e a beleza da noite. Ao vê-los, lembro de ti.
Lembro sempre, mas nestes momentos a tua ausência é contundente.
Quantas vezes olhamos a lua do fundo de nossa casa, a vimos refletida na água admiramos a beleza das noites de luar a emoldurar a lagoa tão próxima de nós.
Lua, estrelas, céu, estrelas -cadentes, reunião familiar, noites festivas , foguetes estourando para saudar anos que eram novos, hoje envelhecidos pela dor e pela tristeza de não te ter junto , aqui em teu porto seguro, teu lugar de aconchego onde desejavas sempre ficar.
Natureza, praia, calor, amigos ao redor, festa.
Viver era uma festa. Contigo ao lado tudo era alegria e comemoração mesmo que cantasses desafinado ou que teu rock não soasse bem em meus ouvidos.
Tua presença era afinada, especial, um momento único como um solo de clarinete (que eu achava maravilhoso quando tocavas) ou um solo de sax- que gostavas tanto.
Quanto eu queria que voltasses a tocar ...
Talvez hoje toques em uma orquestra celestial.
Sinto falta das tuas chegadas , do teu barulho , dos teus gritos de gol, das tuas proposições – que nós rejeitávamos- tocar bateria .
Sinto falta de teus lindos olhos ,das tuas brincadeiras, de acordar de manhã e te ver à mesa do café lendo o jornal, de tua mão macia e forte – a Márcia e a Nina que o digam.
Quando brincavam eu dizia que não tinhas noção de tua força.
Não só física, mas interior.
É toda essa energia que nos faz falta, nos entristece pela lacuna que ficou.
Tua presença era um solo irretocável da criação divina que hoje está gravada com muito amor em nossos corações.