Difícil falar com você, para você, sobre você.
Seu nome é proibido, impronunciável e, sobretudo insondável.
Você nunca fez, não faz e jamais fará parte disto.
Sei que me ronda, me segue como bicho atrás da presa...
Não corro, não morro, não temo sua fome de mim.
Tudo é tão amplo quando se trata de nossas distâncias,
Tudo tão nada que insistimos em manter contido num tubo.
Ensaiamos uma improvável união nessa desunião de minutos.
Você não tem tempo - que piada, hem? Nenhum de nós tem.
Nós somos do tempo, dos temporais, das estiagens...
Somos propriedades disto que você julga que controla.
Não somos a balança e nem os pratos; somos peso.
Estamos presos nesta condição indignada de pesos mortos.
Ecoa nos meus ouvidos que seu tempo urge, ruge, impõe...
Ah! Seu não fosse tão dependente da ideia da tua significância!
Mesmo sabendo que você é o capim de amanhã, dispus meu coração.
Tanta linha emaranhada que não passa de pasto e tolero como orquidário.
Diante de uma xícara de café observo na fumaça tua compreensão acadêmica...
Sei com uma certeza avassaladora que você já sabia antes.
Absolutamente todas as nossas essencialidades são tão inúteis.
Nem quero imaginar quantos de nós dois existem por aí...
Vai, vem rugir no tempo sua perseverança disfarçada,
Até parece mesmo que de nós dois, eu é que não sabia do imutável.
Cheguei exatamente onde você e suas técnicas estão,
O meu amadorismo foi tão eficaz quanto seu profissionalismo.
Grande coisa nenhuma que nem me causa riso, quanto mais lágrima.
Há uma verdade incontestável: enjoei de tanto enjoar!