Onde vivem os meus monstros?

Será que eles também vivem juntos em uma ilha distante, furando largas árvores e destruindo grossos gravetos?

Será que eles estão fazendo guerra de barro seco, atirando uns aos outros?

Será que estão se consumindo em sua própria existência, se tornando duas vezes mais monstros do que já são?

Será que eles rolam pelo chão e dormem empilhados?

Será que estão sonhando acordados, se perguntando em como afastar a solidão e erradicar a tristeza que sempre sentem?

Onde será que vivem os meus monstros, os nossos monstros, os seus monstros?

Só sei que cada um vive isolado, só que juntos, melancólicos em suas casas de pedra gelada, juntos, se gostando e se odiando por se gostarem e por existirem sempre monstros, sem saber que são monstros.

Sei que talvez estejam esperando pelo rei que os alimentem de alegria e de leveza. Mas como aliviar os nossos monstros?

São tão grandes, que quando nós encurralados cabemos completos dentro deles. São tão intensos, que se deixarmos nos amar tanto, eles poderiam nos comer por inteiro.

E depois, se um dia tiver sorte, será possível, entre mares e vendavais, chegar até esses monstros, viver um tempo a sós com eles e descobrir que no final é preciso deixá-los, magoados ou não, talvez até sem se despedir com um abraço, ou com apenas um uivo do coração.

Luane Amurin. 4/09/2011

Inspirado no filme Where the Wild Things Are .

Luane Amurin
Enviado por Luane Amurin em 04/09/2011
Código do texto: T3200025
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