Confiança.

O farol de verde passou para o amarelo. Logo menos vermelho. Eu na faixa atravessei. O carro parou. O homem de dentro me olhava. Só os seus olhos estavam em mim, sua cabeça maquinava mergulhado em seus problemas ou em suas alegrias. Atravesso a rua frente a esse carro. Esse e muitos outros, na confiança de que se manterão parados, na confiança de que nenhum deles irá passar por cima de mim.

Chego ao outro lado da rua. Uma mulher tem uma cara de louca. Ela está louca de paixão e sua paixão está louca de paixão por uma terceira pessoa. Passo do lado dessa mulher na esperança de que ela não queira me espancar, na esperança de que não irá me pegar pelos cabelos e bater minha face branca no chão sujo da grande cidade.

Nessa grande cidade a coisa que eu mais faço é confiar nos outros. Dizem que se levam anos para conseguir a confiança de alguém e minutos para perdê-la. Confiamos o tempo todo. Confiamos quando vamos comer fora, comemos uma comida na esperança de que ela não tenha sido envenenada, ou que ninguém cuspiu no meu copo de vinho caro. Confiamos em cortar o cabelo no cabeleireiro ou fazer a barba na esperança de que nenhuma faca irá cortar o nosso pescoço durante o processo. Confiamos em sair na rua na esperança de que nenhum louco virá te atacar. Confiamos o tempo todo. Em pessoas que nunca vimos antes. O tempo inteiro. Confiamos no outro ao pisar rua. Ao freqüentar bares, escolas, locais de trabalho, restaurantes, parques de diversões, shows. O artista confia em seu publico. O publico confia em seu ídolo.

Confiamos desesperadamente em outro alguém na tentativa de viver em uma sociedade. Agora, é complicado dizer que se levam anos para conquistar a confiança de alguém, perder é só questão de uma desconfiança puramente pessoal de cada um.

Fazemos, nunca percebemos e quando perdemos, queremos sempre teorizar o que na pratica é totalmente diferente.

L.G.A. 7/8/11