Confiabilidade (?)
 
Aquilo que ela diz não se escreve.
Ela explica mil vezes a mesma coisa,
Mas ela não tem confiabilidade,
Mesmo que suas palavras sejam forjadas no fogo.
Ele, quando murmura algum som,
É como se fosse com o aval de Deus,
Como se suas palavras fossem escritas por Deus,
Tal como as tábuas dos mandamentos.
Mas onde está a arca sagrada?
É fato, é fábula ou feto que não nasceu,
Que se eternizou cristalizando como fóssil fosse?
Indócil ela questiona e já não se ajoelha diante do nada.
Onde está a arca sagrada sacramentada diante de Deus?
As palavras dela, forjadas no fogo, estampadas em jornais,
Gritadas e repetidas por crianças, santos, loucos e pagãos,
São concretização do nada, são como sopros de vento.
Diante dela, ele voa alto como que escapando do profano,
Porque ele é incontestável, mas ela não tem confiabilidade.
Ele é selo sagrado, ela é apenas a saliva que não escoa,
Não cola, não umedece, não vale o mérito de coisa alguma.
Ele é a certeza indiscutível da pedra, ela é etérea, surreal.
Assim, ele está no trono como uma estátua, enquanto ela corre,
Corre livre por campos ora floridos, ora áridos, mas livre,
Divinamente livre de arcas escondidas e do peso de tábuas de pedra.