Conto da Madrugada

Mesmo estando sós, vejo que ainda há uma recusa muito grande em compreender-nos, falta-nos a dedicação que outrora tínhamos um com outro, um vazio soberbo entristece o que ainda nos resta de amor, breve só o cinismo imperará, e isto fará com que aos poucos ou tão rapidamente o respeito entre nós se dilacere não restando nada.

Palavras são pouco utilizadas, jargões, clichês tudo muito batido e fraco, franqueza e rispidez andam juntas e não nos resta nada. Do nada que se resta, ainda restam cacos, estilhaços e fragmentos de algo que está perdido no escaninho da alma. Não choro mais, não por falta de lágrimas, mas por que vi no pranto que de mim vertia uma fraqueza que meu eu não engolia, por esse motivo e tão somente por ele parei de chorar, talvez tenha usado este pretexto como álibi, uma desculpa mais que esfarradapa e pretensiosa para ocultar minha verdadeira face, e os motivos que me levaram a parar de chorar por ti e por nós, se é que ainda resta nós.

São duas e quarenta da manha e estou defronte ao computador tentando entre as teclas negras do notebook negar a mim mesmo que não me importo, que tanto eu como você somos capazes de superar tudo, com uma invencibilidade própria de heróis e digna de reis, contudo não é isto que o frio das teclas me mostra, no jogo mais que impróprio percebo que os culpados de tudo não sou eu e nem tampouco você, somos nós que fizemos desta vida um simples jogo que a princípio sabíamos bem jogar, mas no fim do primeiro tempo o jogo já estava perdido.

Mathos
Enviado por Mathos em 20/06/2011
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