Cartas de Amor

CARTAS DE AMOR

De repente minhas mãos tocam a fria madeira, e no deslizar da gaveta sob a madeira em que me apoio, vejo as " Cartas de Amor" que eu não te mandei. O perfume do papel guardado, misturado a madeira envelhecida, traz uma saudade imensa e uma lagrima que desce mansamente sobre minha face, vai ate meus lábios, trazendo um gosto suave e salgado, de um tempo em que faltou-me coragem para enviar por meio de uma bagagem, minhas “ Cartas de amor”, para um amor muito distante. No canto da sala, o piano em silencio, mergulhado num passado distante, permanece ainda num acorde solitário, procurando entender o desfecho de tudo. La fora, ouço o piado de um pássaro noturno triste, e vem-me a vontade de ligar o radinho de pilha, que num canto a me espreitar, faz com que minhas mãos tateiem sobre o botão, e num instante de magia, a música de Taiguiara “ Universo em teu corpo”, faz transceder aquele momento, e sob a suavidade da música, releio "Cartas de Amor.” Coloco minha cabeça sob a mesa , sinto-me sonolento, ouço as badaladas do relógio da matriz, São quatro horas de uma manhã infinita e interminável, mesmo assim adormeço, e imaginariamente saio de mim, vou por entre as nuvens, colhendo estrelas, teço um manto de luzes, faço de minhas cartas um travesseiro de saudade, onde meu corpo ávido por descanso, meu ser e minha alma, num encantamento estelar, se deleita num sono profundo.

Marcelo poeta
Enviado por Marcelo poeta em 29/04/2011
Reeditado em 12/05/2011
Código do texto: T2937706
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