046 - FILME ANTIGO...

Desbotados e empoeirados pelo tempo, sonhos antigos esquecidos foram se amontoando em cantos e recantos da minha alma e hoje, nem sei por que um infeliz desassossego inexplicavelmente me leva a revivê-los, entre tantos descubro um sonho que apesar do tempo passado ainda pulsa e da sinais de vida.

Curioso, a alma dizia coisas que no momento não entendia, e aquele sonho tal qual um filme antigo se pos a exibir na telinha do meu coração, mas face ao tempo já passado de quase nada me lembrava do seu conteúdo, aos poucos as cenas e os sons inicialmente falhos e desfocados foram se ajustando ganhando vida e vivas cores, o passado fez-se presente surpreendentemente mais presente que toda a realidade por mim vivida, paulatinamente fui assistindo a tudo que poderia ter sido e que não foi por esta maldita estupidez que não soube valorizar a verdadeira felicidade.

O filme antigo ganhou vida própria e durante um bom tempo projetou a beleza e a ternura daquela moça que tanto se esforçou para que deixássemos de sermos eu e você para sermos nós.

Senti saudades dela, tardiamente o meu olhar passou a olhar para todos os olhares das moças que passavam procurando a meiguice do seu olhar, mas tudo em vão o tempo não tem tempo para esperar por alguém tão irresponsável e na certa para outros braços a levara, e nestes braços aos abraços viviam a felicidade que um dia eu tive ao meu alcance.

O filme cansou de se exibir, cansou de me machucar, meu coração mais machucado ficou quando em uma cidade distante parei com meu carro em um sinal vermelho, inesperadamente, toda cheia de beleza e simpatia ela passou na minha frente, em cada mão segurava a mão de uma criancinha que na certa eram seus filhos.

Ah! Aquele olhar inesquecível não olhou para os meus olhos, olhou para a placa do meu carro, imaginei e com certeza viu o nome da minha cidade, cidade esta que um dia já foi nossa e pude notar um leve sorriso em seu rosto e ela fez-se em nada na distancia do meu olhar, mas não do meu imaginar.

Ouvi buzinas, gritos, Deus meu! O sinal há tempo já havia deixado de ser vermelho, acordei daquela hipnose e não pude segui-la, pois a rua era contramão no sentido que ela tomou.

Ainda hoje aquele maldito filme antigo impiedosamente insiste em projetar na sala mais amada do meu coração as imagens dela... E ela está cada vez mais bela...

Magnu Max Bomfim
Enviado por Magnu Max Bomfim em 28/04/2011
Reeditado em 01/05/2011
Código do texto: T2937032
Classificação de conteúdo: seguro