023 - A CIGANA...

Sentadas em um banco daquela movimentada praça, várias ciganas se ofereciam para ler as mãos das pessoas, lerem a sorte, adivinhar o futuro, entre tantas essas coisas, o rapaz que ia passando apressado foi pela moça acompanhado que insistia em ler a sua sina e que tudo estava escrito na palma da sua mão, a moça aparentava uns vinte anos, seus vestidos coloridos cheios de babados e rendas, seus olhos negros cintilantes insistiam, tanto insistiu que ele acabou concordando e esta avidamente pegando na mão esquerda do rapaz serenamente movia seus belos olhos pelas profundidades das linhas e parecia que realmente o futuro descortinava, repetiu o gesto por diversas vezes, a moça foi se transfigurando, ficou cabisbaixa por um bom tempo, mudou de cor, gaguejou e soltou a mão do rapaz.

– Vamos, diga-me o que me espera no futuro!

– Você será um homem feliz, mas esta felicidade tardara, mas um dia chegará!

– Mas me responda uma pergunta! Olhou diretamente nos olhos da cigana que já estava sentada em um banco.

- Se o meu futuro é de felicidades, porque você ficou tão angustiada, tão diferençada, eu vi o desespero no seu olhar, com toda sinceridade o que você esconde, o que de tão grave acontecerá em minha vida que deixou você assim tão aflita e tão desconcertada??

– Moço! Segue o seu caminho, você não me deve nada pela consulta! Por mais que o rapaz insistisse a cigana simplesmente abaixou a cabeça e não mais abriu a boca!

Os ciganos seguiram o seu caminho e o rapaz também seguiu o seu, e os anos foram seguindo e assim dez anos se passaram.

A cigana agora com vinte e oito anos, no mesmo banco da praça se sentou e se pos a esperar, toda arrumada, vestido de babados e rendas, mas agora não tinha aquele colorido costumeiro, suas vestes tinham apenas a cor clara das areias, seus longos cabelos negros caprichosamente trançados e empermeados de pequenas flores, seus olhos negros magicamente pintados se destacavam naquela praça apesar das centenas de pessoas no continuo ir e vir, mas os dias foram passando...

Quase já desistindo da espera...

O rapaz angustiado caminhava pela mesma praça, seu instinto desesperadamente avisava que algo fantástico e surpreendente iria acontecer, mas o que?

Ao ver a cigana suas lembranças foram se ajustando ao passado e claramente viu que aquela era a mesma moça que ha tempos lera a sua sorte.

- O tempo lhe fez bem, hoje você esta muito mais linda. Olhando nos olhos da moça foi como se de seus corpos suas almas fluíssem pelo espaço afora e por entre as estrelas fossem caminhar.

– Durante estes dez anos que passaram pensei em você e na previsão não revelada, imaginei todos os acontecimentos possíveis, bons ou ruins que pudessem me acontecer, e nos meus sonhos uma sombra passou a me acompanhar e vagamente conseguia ver o seu rosto, agora vejo que era parecidíssimo com o seu, sempre meiga, carinhosa e com este mesmo olhar de apaixonada me beijava e desaparecia. Agora eu a tenho diante de mim, dos meus sonhos para a realidade!

– Enfim você compreendeu o meu desespero ao ler a sua mão! Eu tremia porque tinha dúvidas no amanhã que o futuro me mostrava, quis a vida que eu mesma fosse a minha vidente!

- Mamãe eu trouxe a minha futura esposa para a senhora conhecer! Ela é cigana!

– Eu pouco estou me importando com a raça dela, vou é acender umas velas para o Santo Antonio para agradecer, pois o meu maior receio é morrer e não ver netos correndo e bagunçando esta casa!!

Magnu Max Bomfim
Enviado por Magnu Max Bomfim em 19/03/2011
Reeditado em 21/01/2012
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