Paranóia

Não consigo conter as lágrimas. Elas insistem em atravessar os filtros de minha alma. Esses malditos pensamentos simplesmente não saem do meu intelecto. Tento, em vão, tirá-los. Nessa árdua tarefa, quanto mais insisto em removê-los, mais profundamente eles penetram nas entranhas do meu consciente. O motivo de tudo isso? Simplesmente não sei. A tristeza muitas vezes nos é acometida por meio de um invólucro de sentimentos racionalmente desconhecidos.

Tudo isso, a olhos superficiais, parece banal. Olhares externos com certeza afirmam sumariamente que estou a buscar motivos para me martirizar. Porém, estes nunca sentiram a horrível sensação de olhar-se no espelho e ver seus sentimentos e crenças desmoronando um a um, vagarosamente, em um compasso aterrorizante. Outros ainda crêem que faço dramas em um teatro imaginário e doentio, ou ainda estes asseguram que eu devo agradecer a entes divinos pelas minhas conquistas cotidianas. Agradeço até demais. Muitas vezes de forma compulsiva. Tudo para cumprir rituais macabros de satisfação religiosa.

Constantemente, penso no que os outros estão a pensar de mim. De minha aparência física, de minhas atitudes. Enfim, de tudo que possa ser visto por olhos acusadores. Antes de me crucificarem, saibam que todos esses sentimentos são involuntários. Não sou diferente dos demais quando anseio livrar-me de pensamentos negativos e torturantes, que consomem boa parte de meus corriqueiros minutos.

Enquanto o tempo passa, enquanto a natureza cumpre seu infalível processo de mutação, enquanto o homem insiste em destruir-se em sentimentos de inveja e egoísmo, estou aqui a me consumir; a travar constantes e sangrentas batalhas contra meu maior e mais temido inimigo: o meu ser.

Autor: Elvis Gomes Marques Filho

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Elvis Filho
Enviado por Elvis Filho em 23/12/2010
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