Tudo vira poesia

Tudo pra mim vira poema. Porque a vida tem ritmo, música. Métrica ou assimétrica, ela tem o seu compasso. Pensamentos profundos, bobeiras passageiras: tudo é poema.

Não sou eu que transformo tudo em poema, mas simplesmente consigo expressar a poesia que há em tudo. Todos conseguem. É só ouvir com atenção. Ela é declamada o tempo todo. Mas em meio às “prosas” do dia-a-dia, a poesia acaba passando despercebida.

Quando contei a um amigo que “quando estou triste, componho poemas e quando estou alegre, escrevo crônicas”, ele disse: “Espero que você produza muitas crônicas!” Mas externar poesia é necessário e inevitável. Ela converte alguma dor contida da alma em uma incontida satisfação.

Rubem Alves explica: “A experiência poética não é a de ver coisas grandiosas que ninguém mais vê. É a experiência de ver o absolutamente banal, que está bem diante do nariz, sob uma luz diferente. Quando isso acontece, cada objeto cotidiano se transforma na entrada de um mundo encantado. E a gente se põe a viajar sem sair do lugar... Aquilo que procuramos se encontra bem debaixo dos nossos olhos. (...) A felicidade nasce de dentro do olhar que foi tocado pela poesia.” (O Retorno e o Terno, p.171-2)

(Catalão, 17/09/2010)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 17/09/2010
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