NO CHÃO AO LADO DO SOFÁ
NO CHÃO AO LADO DO SOFÁ
Sonia Barbosa Baptista
(Texto)
A revista fechada na banca de jornal, é olhada e cobiçada pelo título que atrai a atenção .
Os leitores mais carinhosos, a segura entre as mãos e só não visualizam suas páginas porque ela está numa embalagem fechada.
A revista chega a sentir calor e tremuras pelas páginas que sentem sofreguidão ali juntas dentro, entre as mãos másculas, calejadas e suspiram.
Vontade estar no colo do leitor e sentir o toque de dedos ao serem viradas no caso se a revista estivesse aberta. Finalmente o leitor, perfumado, bem vestido, olhos atentos depois de ter olhado, pensado e acariciado, sorri e decide levá-la.
Chegando em casa ele a deixa sobre a mesa da sala causando nela triste decepção e, ouve um gemido vindo de dentro.
Menos mal. Estar na casa dele já é um bom começo.
Da sala para o quarto será questão de pouco tempo.
Mas quando e onde será que ele vai abri-la, pensa a revista um tanto ansiosa.
Mas logo suspira aliviada. Ele sai do banho enrolado na toalha presa na cintura, pega a revista e leva para o quarto, jogando-a em cima da cama.
Ah! Se a revista tivesse voz ela gritaria de prazer.
Uma das página desesperada não aguenta mais esperar para ter aqueles lindos olhos cravados nela.
E quando ele senta na cama com ela no colo e, delicadamente a abre, deixando aparecer a primeira página, a revista como se tivesse vida, sente o vento e acredita que está sendo beijada. Mas sua felicidade dura pouco. Ele não se interessou pelo conteúdo da revista e a joga por cima das outras que estão num cesto, no chão ao lado do sofá... Outras virão e ela ficará empoeirada e esquecida como as que já estavam lá.
04/01/2010