À ESPERA DO SONO, BREVE PENSAMENTO

Garimpo as águas e terras do garimpo

E maltrapilho com minhas mãos

Calejadas e sangrando a pele envelhecida

Sangro a terra e buracos faço

São as artérias que abro no solo

Que me seduz com a promessa de uma pepita.

Busco uma genealogia que não sei aonde me levará

Os segredos que desconheço de uma história que ignoro

Poderão me levar aos antepassados que não sei se quero.

E nessa antropologia estruturada nos relatos orais

Minha história baseia-se no tempo que não se divide

E avança qual avalanche sobre as cabeças ocas

Dos intelectuais que a tudo explicam

E complicam com seus conceitos e preceitos

E ditam novos dogmas excludentes do livre pensar.

Ah!

E um grito sufocado e obstruído

Que não rompe novos dogmas e axiomas

Igualmente plantados e implantados e impostos

Transcendem aos séculos e novas regras

E acorrentam a todos e mais ninguém procura

Pensar e aprender todos os dias

E caminham feito gado

E a passos lentos o matadouro avistam.

Nada se alcança quando se desconhece o que se procura

E como cegos tateiam as paredes escuras

Àqueles a natureza não brindou com a visão

Por isso fazem das mãos valiosos olhos

E estes que cegos são por opção própria

Porque cegos se entregam a aventureiros seus destinos.

E eu que não mereço a sabedoria dos sábios

Nada faço senão tirar proveito

Das lições que pessoas na vida encontrei

E agradeço todos os dias por tamanha sorte

Porque sei que nada sei e cada dia sei menos ainda

E me motivo e espero por novos encontros

E me recolho ao sono profundo, boa noite.