poisson d'or

Poisson d’or


Naquela,negra noite sem estrelas,apenas,dois raios esverdeados,iluminavam o meu caminho...
Seus lábios,úmidos,entreabertos pareciam a flor rubra,solitária do pântano.Era,em verdade,
a traiçoeira duschenea que atraia e capturava os indefesos que ,por ela sofreram do encantamento de sua inigualável beleza.Meus lábios,á semelhança,de inseguro,titubeante,colibri,fazia tentativas para sorver-lhe de seu doce néctar.Aproximava-me,porém,uma voz interior,bradava de forma retumbante:”Afasta-te,pobre avezinha desta flor única deste lodaçal,procura,sim,pequenas corolas a se exibirem em centenas pelos campos iluminados pelo sol da manhã “.Perceberá que seus sumos alegrarão teu canto,baterás,tuas azinhas com o entusiasmo de tua natureza”
Procurei as margaridas,dálias e ,até,as felicias todas com suas suaves tonalidades,mas,embalde,tornei-me surdo aos conselhos de minha consciência...
Naquela noite,ávido de sede,retornei ao pântano e, lá estava a flor grená ,quase cerrada em si mesma.Ao me aproximar,abriu-se,lentamente,para me receber...
Uma onda de vertigem percorreu todo o meu corpo e senti que o prodigioso momento havia chegado...
Inspirei,longamente,e me atirei,apaixonadamente ,em direção áqueles lábios quentes e macios !Suavemente, a flor do pântano,retribuía minhas carícias...Suguei,sorvi até não poder mais o veneno da dor que,á medida que o absorvia ,perdia minhas forças...
Cai exangue aos pés daquela que levou minha energia vivificante,mas,que me fez sentir o sabor dulcíssimo da felicidade plena onde o tempo parou para que aquele momento fosse eterno...
Hoje,decomponho-me para servir de precioso adubo a esta misteriosa flor vermelha do pântano !...

Os.este texto de ficção teve como inspiração a peça de Claude Debussy para piano :”Poisson d’or”