O Corredor (Versão Discurso em Homenagem aos Colegas).

Comparo a vida tal qual um grande corredor branco com janelas altas e cortinas brancas esvoaçantes feitas de um tecido leve, diferentes quadros e uma pequena mesa com um bonito vaso de flores em uma parede ao lado. Nele, dentro de cada um de nós, algumas pessoas passam, algumas pessoas mexem e mudam algo de lugar, outras apenas sujam o tapete, algumas pessoas limpam a poeira e cuidam das flores, mas outras passam sem dar muita atenção, já outras penduram fotos suas como quadros em nossas paredes para não serem esquecidas jamais.

Todos nós passamos pelos corredores uns dos outros. Cada um ilumina com sua luz os cantos mais escuros de cada um. Como se nesse instante o sol penetrasse mais forte dividindo-se pelas janelas e ricocheteando pelas paredes, dançando volumosas as cortinas seduzidas e conduzidas por um austero vento que subitamente sopra, e dentro de nós tudo se tornasse limpo, lindo e cheio de sons. Cada um pendurou um grande quadro seu neste percurso criando uma galeria de destaque, e o gancho que os sustenta - banhado do mais nobre e raro dos sentimentos: a amizade - perfurou fundo nossas paredes.

Se for possível uma analogia entre pessoas e a arquitetura, que sejam como os vitrais que faíscam e brilham quando há Sol, mas quando a escuridão chega somente revelam sua verdadeira beleza se houver luz interior. E se a escuridão chegar, trazida pela distância entre nós, obrigada pelas circunstâncias, e virmos a poeira se apossar, as janelas se fecharem e tudo escurecer, que haja sempre ao menos um de nós por perto para que nos traga uma vela acesa dentro de nós. Que esta mesma luz, a de cada um, continue a iluminar nossos corredores e corações.

(Texto adaptado para o discurso em Homenagem aos Colegas no Cerimonial de Colação de Grau dos Formandos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da FAUVR-UGB)

Steven Julie
Enviado por Steven Julie em 16/04/2006
Reeditado em 07/03/2008
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