O romântico e o vento

Impossível não notar você. Caminho lentamente pela rua somente para acompanhar os seus passos. Consigo sentir o seu perfume e praticamente sonho acordado com a possibilidade de ouvir as suas doces palavras: "Já não nos conhecemos?”.

Esqueço o trabalho, as responsabilidades, as rotinas diárias de uma vida medíocre e sem sentido, posto que tudo o que anseio naquele momento é estar ao seu lado, de mãos dadas, almejando chegar logo ao nosso destino, local no qual eu poderia fitá-la minuciosamente, sentir os seus lábios e praticamente flutuar como um anjo, um anjo radiante de alegria e de amor.

Contudo, o destino, travesso, traçou outro rumo para a nossa estória e, em uma intempérie, o vento, maldito vento, levantou a sua veste de modo que num breve lampejo o oculto deixou de existir.

E a partir daí, em razão de um advento inescrupoloso da natureza, o romântico inveterado deu lugar ao tarado inconveniente.

Desculpe garota, mas a culpa é do vento.