Soneto

Atravesso a ponte e além da outra ponte

encontro o indecifrável e cru Mistério,

que ruge na poeira do horizonte,

num místico defloramento etéreo.

A direção não há um dedo que aponte,

e eu sinto na estrada o refrigério

de um rio a pipocar a linda Fonte,

que anuncia a luz de um novo hemisfério.

Eu sugo o cântaro da noite insana.

Dentro de mim confluem rios de estrelas,

precipitando-se na soberana

Foz em luz maior. Tento em vão retê-las,

mas, em minha frágil armadura humana,

elas me arrastam e, nu, fico a bebê-las.

Vagner Rossi
Enviado por Vagner Rossi em 06/07/2022
Código do texto: T7553774
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