Lobo solitário
Tua alma à fuga desemboca
Queres sozinho o tempo mirar,
Cansou-se em demasia da toca
Dos outros e do enclausurado ar.
Então estás diante de uma trilha
Viçoso pelo ar solitário florestal
Abstrair-se-á das quadras e quadrilhas,
Perto estarás do espírito em teu animal.
Saibas, Lobo Solitário amigo
Que sempre estarei a tua espera,
Esteja radiante, cansado ou com deus no umbigo,
Sou eu a lua e tú, a minha cratera.
E quando demorares em demasia,
E alguma bela poeira assentar-se em meu vazio,
Basta eu saber da tua travessia
Para do que execede eu cortar o fio.
Quereria eu ter a força toda
Da qual é preciso para suportar
O frio de todas as eras que molda,
Sem carecer de tua parte a me faltar.
Então fico para teu espírito,
Com todo o peito escancarado.
Não me pesas em matéria, e meu grito,
Sempre reclama desse furo empoeirado.