SOLITÁRIO INSONE
Deixem que caiam as lágrimas
Não se precipitem a enxugar
Estão elas, saindo do âmago
O corpo não as pode evitar
Chora desesperado o pobre ser
Na tenacidade da sua avidez
Sozinho já não pode viver
Amá-la já não pode outra vez
O destino impiedoso os separou
Deixando-o mais apaixonado
Quando num sonho, ela o beijou
Com volúpia que jamais havia dado
Insone não vive o ser
O pobre só pensa e não diz
Se acordado não sabe viver
Dormindo é eternamente feliz
Sonhando tudo é prazer
São auges jamais sentidos
É como se ele vivera a morrer
É como se nunca ela houvesse partido.