(In) Perfeição
Não sou o corpo que habito
Minha projeção mental de mim é sempre melhor
Não quero ser apenas bonito
Minha pretensão atual, enfim, transcende este pó
Nossa programada degradação celular
Como que numa obsolescência planejada
É anterior ao que possamos queixar
Como que em advertência escancarada
Nossa efêmera existência proposital
Já nos mostrou o que deveríamos ser
Quando escolhemos a dedos o mal
Pactuamos assim com um inevitável perecer
Não sou de fato o corpo em que estou
Mas já entendi que é o que mereço ter agora
Desfazer de alguém que a visão reprovou
É apontar no espelho o imbecil que ignora.