Mãos

Mãos que semeiam versos

como semeiam as flores imutáveis,

em um tempo transcorrido lentamente.

Mãos que entrelaçam-se em sonhos entrelaçados,

espalhando odores, deixando perfumes por onde passeiam.

Mãos que tocam almas lutadoras,

distribuindo palavras sorridentes,

contagiando com alegria os impotentes.

Mãos que sonham no papel sem linhas,

buscando-se, enquanto a vida passa,

para no amor encontrarem sossego.

Mãos que levam a paz em letras imparciais,

baixando as armas na guerra abandonada,

curando cicatrizes de outras batalhas,

amanhecendo sãs, para curarem almas.

Mãos que não exigem conquistas, que não são suas,

querendo apenas viver o que foi destinado.

Silenciando às vezes, quando a solidão explode,

explodindo quando não cabem mais em si,

porque não se deixam corromper.

Mãos que percorrem caminhos feitos de espinhos,

de rosas que um dia perfumaram, e perfuraram.

Mãos que querem o amor, para o amor doar.

Transbordando, juntam-se nas palavras lançadas,

espalhando flores, tragando palavras, comendo letras,

fazendo poesia, com o verbo amar.

- Mãos que somente, encontraram-se,

Mãos que lavam as mãos.