Vejo, espio, experimento.
Eu não entendo você.
Seus sentimentos.
Seus tropeços.
Seus verbos e seus gritos.
Que ecoam nas paredes de minha
consciência.

As amarras do cais conspiram
contra o horizonte e a vastidão do mar.
Os nós fechados das cordas
conspiram contra a possibilidade da perda,
do desvario e desencontram.
As esquinas conspiram encontros paradoxais.

O presente esbarra no passado que dribla o futuro
E, sem graça, quebra a ampuleta pois a areia congelo
Esfarelou-se em demência.
Esfarelou-se em dialética não verbal.

A violência é uma linguagem
Robusta e selvagem.
Doma o corpo sob o chicote.
Doma a alma sob o prisma do medo.

Não entendo você.
Desistir.
Abortar.
Recuar.

Como se fosse possível
evitar o fatídico dia
O fim.
Que não é o fim.
É algum começo
em algum lugar,
em algum corpo
e outro universo.

Não entendo você.
Amanhã novamente 
outro tempo
outro recomeço.
Novas lágrimas para velhas dores.
Novas dores para velhas lágrimas

E o rosto  marcado pelo poema
escrito da vida
O incontido
O manifesto e o inconsciente

Uma mão dormente.
Uma caligrafia psicografada.
Uma alma que fala através de outra.
E, o diálogo,
a geometria mágica
do encontro por vezes
apenas aparente
de palavras.

 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/10/2017
Reeditado em 21/11/2017
Código do texto: T6151246
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