Vago Resplandecer

Numa vertigem lenta, sublime,

Abre-se-me o portal do ceu,

Em escadaria marmórea, opaca, reluzente;

Nele adentro, os pés cansados, esvoaçantes,

O perolado das colunas ígneas,

O caramanchão refulgente d’ouro e sépalas.

Piso o liso degrau frio, entorpecido,

O calor se me passa pelas plantas dos pés;

Crio asas como um pombo, filho retornado,

Aguardam-me sinfonias, canções harpas aveludadas.

E lá permaneço vibrante, ardoroso,

Cego pela luz pulsante, insuportável,

Dispersando-se dos arcos solitários,

Dos baús nacarados, das joias faiscantes.

Fernando Munhoz
Enviado por Fernando Munhoz em 26/09/2017
Código do texto: T6125531
Classificação de conteúdo: seguro