Vago Resplandecer
Numa vertigem lenta, sublime,
Abre-se-me o portal do ceu,
Em escadaria marmórea, opaca, reluzente;
Nele adentro, os pés cansados, esvoaçantes,
O perolado das colunas ígneas,
O caramanchão refulgente d’ouro e sépalas.
Piso o liso degrau frio, entorpecido,
O calor se me passa pelas plantas dos pés;
Crio asas como um pombo, filho retornado,
Aguardam-me sinfonias, canções harpas aveludadas.
E lá permaneço vibrante, ardoroso,
Cego pela luz pulsante, insuportável,
Dispersando-se dos arcos solitários,
Dos baús nacarados, das joias faiscantes.