A mesma voz...



A mesma voz entre choros, no escuro,
Cândida qual u’a melodia esquecida...
Fonte d’água sobre rubra pétala caída,
Canto da Madre eterna,doce sussurro.

Voz que ninguém escuta,triste, esmorece.
Contudo,em mim,ecoa retumbante grito;
“Ouçam o que diz este pobre louco aflito!”
Ah!Que no desengano,tomba e emudece....

Em cantoria,batem sinos,voz da igrejinha,
Silvos de buliçosos e irrequietos passarinhos
Dança em roda , minha ciranda de menino!
No campo,a mesma voz da velha ladainha

Enfim,o derradeiro do vazio, meu tempo,
Como queria cantar a voz da esperança!
Aprisionada,contudo,rouca na garganta,
Gemidos d’agonizante ave,neste momento...

Ah!Que cantaram todas as vozes do mundo!
Da sinuosa queda da folha seca d’azevinho ,
De toda a humanidade ,providencial ninho,
A mesma cálida voz,em mim,soou bem fundo...



Devolveram-me a esquecida inocência,enfim,
Acariciado pela fina chuva,prazenteira festa,
A velha voz em minh'alma,reflexo do que me resta,
Falou-me da divina essência que existia em mim...