E,Deus cegou-me os olhos

http://youtu.be/GKkeDqJBlK8





E,Deus cegou-me os olhos...

Cansado,enfim,de percorrer com telúrica visão,
Aquilo que me parecia simples,mera monotonia,
Cerrei os olhos e a Deus,supliquei negra escuridão!
Ai!Que buscava n’alma das coisas, a razão,poesia...

E,Deus que me parecia muito louco,tão furibundo,
Sem tempo para conselhos,cegou-me ,assim,os olhos.
Colocou-me na face contrita,um vago olhar vagabundo,
Quando,súbito,leve ,alva pluma caiu-me,pois,no colo.

Sobre a palma da mão ,deixei ficar, por um instante,
Quando a brisa fria d’ inverno lançou,longe,a esmo,
Pensara,enfim,que delicada presença fora o bastante.
E,Deus retirou fino véu e contemplei a mim,mesmo!

Olhei a tosca pedra inerte,fria na beira do meu caminho
Umedecida pelas orvalhadas gotas,incenso d’alfazema,
Ah!Que Deus transmutara-Se,fitando-me com carinho.
Não mais vi áspera rocha no chão,mas vívido poema!

Minh’alma,entre aves e anjos ouvindo suave cantoria,
Nas coisas mais que profundas,intuía a razão imanente
E,Deus se fez leve e alva pluma ,partindo naquele dia.
Devolveu-me a ventura com benfazejo sinal inocente!