Folha morta

(escrita em 1978)

Eu sou folha que o vento leva pelo ar

Eu sou pensamento no espaço a flutuar

Sou um ponto de esperança que se fez plantar

Sou pluma que balança sempre a voar.

Eu sou passarinho livre sempre a voar

Como pluma balançando soprando no ar

Sou uma criança linda sempre a cantar

Sou a sombra da malícia sempre abalançar

Como o ferro que me fez

Como a morte que não vem

Sou a fronte nua, altêz

Como a morte que não vem

Sou a morte, sou do além,

Sou a tela que já foi...

Eu sou passarinho livre sempre a voar

Sou um lindo canarinho sempre a cantar

Sou criança que caminha sempre a brincar

Sou a morte que caminha sempre a esperar.

Eu sou folha que o vento leva pelo ar

Sou a árvore que o vento vive a balançar

Sou como a vida que caminha livre a procurar

E a morte que caminha sempre a torturar

Como a guerra que me inclui

Como a fera que sonhei

Como os homens que mataram também.

Sou a sombra do que fui

Sou a morte que sonhei

Sou a terra que levaram pro além...

Eu sou passarinho triste sem poder voar

Como um lindo canarinho sem poder cantar

Sou a árvore que o cento insiste a soprar

E a sombra da malícia sempre a esperar.

Eu sou folha que o vento leva pelo ar

Sou folha que vive sempre para flutuar

Como a folha aberta em vento,vôo sobre o mar

Eu sou folha morta que o tempo vai levar.

Pedrinho Sampaio
Enviado por Pedrinho Sampaio em 27/01/2012
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