O POETA MATAFÓRICO

Eu me faço assassino

Sem medo da punição

Porque matarei a morte

Daqueles que não tem sorte

E me farei justiceiro

Das coisas universais.

Primeiro mato a morte

Que quer matar meu irmão

Através dessa tal fome

Que a pobreza consome

E me farei assassino

Com poder da ficção.

Antes de matar a fome

Mato a corrupção

E não, o corruptor

Darei a este amor

Assassinando o seu ódio

Pra que ele viva bem.

Mato agora a inveja

E também a traição.

O homem justo liberto

E, por ele, eu espero

Juntar-se também a mim

Pra lutar contra o mal.

Mato também a mentira

- Assassina da verdade -

Posto que no mentiroso

Há-lhe algo virtuoso

Para lutar e vencer

Ninguém vive só do mal.

Muitos morrem de saudade

Outros chegam a matá-la

Para se sentirem bem

Eis a morte que convém

Nesta terra de meu Deus

Para se viver feliz.

Eu matarei as misérias

Que atravancam a vida

Na força do meu afã

E de consciência sã

Serei preso no amor

Por ser justo e sensato.

Mato todos os pecados

Que se dizem capitais

Mato toda injustiça

Juntamente a cobiça.

Mato o pensar doentio

Para salvar muita gente.

E não tendo o que matar

Passo a matar o tempo

Semeando o amor

Destruindo o horror

Que existe em toda guerra

Pro mundo viver em paz.

Eu serei o matador

De toda e qualquer doença

Que afligi a humanidade

Da nossa sociedade

Nesse mundo virtual

Dos que vivem em depressão.

Serei eu o matador

De todas dores do mundo

Inspirado no meu Deus

Vou a destruir os seus

Malefícios imaginários

E tudo mais que não presta...

Sou poeta assassino

Que me armo da metáfora.

O amor é a prisão

E a lei, o coração

De um grande sonhador

Que quer ver um mundo justo.