Anima Sola

Ao longo das espinhosas sendas da regeneração

Buscas redimir-te da culpa de oneroso passado

Terás de transpor a porta estreita da remissão

A fim de obter refrigério para teu ser atribulado.

Assim como Ishtar os Sete Portões atravessou

Para chegar até Allât, a Rainha do Submundo

Em cada passagem um adorno seu deixou

E apenas em essência enfrentou o abismo profundo.

Anima Sola, também na soledade cruzarás o limiar

Romperás os grilhões que te jungem ao erro nefando

Fogo purificador te limpará as fundas chagas a sangrar

Pois do batismo da expiação sairás com o coração brando.

Alquímica Salamandra, em meio às chamas não teme

Permanece firme, para o Alto lança o olhar confiante

Apesar do sufocante calor da forja que ruge e que freme

Inabalável é a consoladora certeza de um porvir radiante!

Obs.: "Anima Sola": do latim, "Alma Solitária"; segundo algumas tradições é a alma penitente do purgatório, que expia suas faltas a fim de ser admitida no Paraíso.