OS DITOS DA ALMA
OS DITOS DA ALMA
Eu não sou (só) eu sozinho
Mas também ninguém,
não é ninguém pelo outro.
Eu só sou eu, em mim mesmo.
Ninguém está em ninguém mais
Que não seja em si próprio.
Tudo que se é na vida
Sendo-se pelo outro
É efêmero...
Tudo que se é na alma,
Mesmo quando pequena,
É por si só e é perene...
Se eu sou o que me dizem ser eu
Eu sou muito mais, em essência,
Que eu próprio imagino ser
Até mesmo, àquilo que eu, menos espero ser.
O que eu sou, não depende do que me dizem
Ser eu nem de bem nem de mal
Porque o que me dizem de mim
Não são ditos de si, por si próprio,
Mas pelo outro...
Pois quem fala de alguém
não se conhece a si mesmo
Porque os ditos julgam.
De tudo, o que restará de mim homem
Será a migalha, o resíduo,
O resquício do meu sentir
Em meu profundo Eu-Alma.
Os ditos da alma de outrem
São reflexos de si mesmo
Na tentativa do injustificável
Quando alma nenhuma julga...
16.03.94