Maestros do amor e da paz
Se pudesse...
escreveria tua beleza
nas partituras da vida
e ocuparia um compasso todo
só por executar minha semibreve no teu corpo.
Se eu quisesse...
Descreveria as sensações
Que a tua batuta
Desperta nos corações
Na mínima expressão da tua face
burilaria as semínimas artes do teu gosto
e as colcheias carnudas dos teus lábios
renderiam gostosas semicolcheias
que me deixariam fusa e semifusa...
Eu pegaria da delicadeza dos teus versos
e passo a passo comporia com compasso
entre beijos e abraços envolvido
em teus braços adormeceria
no colo macio das tuas coxas
Se pudesse...
buscaria a emoção do teu sorriso,
fosse breve, longa ou máxima,
mesmo aquela mais perdida,
nas brumas do esquecimento...
Se eu quisesse...
Soltaria o meu riso largo, aberto e franco
Para romper com os desencantos
E em simbiose estancaria o teu pranto
Com o manto sagrado da tua própria música
Na fórmula do teu compasso
e, no passo adequado,
voariam as roupas que te arrancasse,
mudando de quando em quando
o andamento do teu beijo...
Embevecido do teu toque mágico
Convocaria os anjos lá do céu
Para fazer coro numa orquestra celeste
Para ajudá-la a tirar nossas vestes
Entre véus e nuvens sugaria do teu néctar
Se pudesse...
Em cada nota pontuada
estenderia meus suspiros, sem pausas...
Na tua clave de sol,
sustentaria meu fá e, talvez, meu dó,
com voz rouca e grave, de agudas sensações...
Se eu quisesse...
Convocaria os sustenidos
De todos os sussurros e gemidos
Do ré mi lá si unido ao teu dó e fá
Na clave mais poderosa que a do sol
Para ver o universo dos teus versos
Completando a obra de arte dos séculos
Deslocaria nossos sons
em bemóis e sustenidos,
alterando-lhes o timbre
conforme o vibrar do nosso diapasão.
Nessa mistura de sons enlouquecidos
Estremecíamos as paredes...
Dos lustres e dos vitrais
Na euforia dos nossos ais
Na tonalidade das nossas peles
indicaria a escala certa,
por onde nosso tempo
elegeria nova modulação...
Nesse movimento 'alegro'
Ma ‘non tropo’ nossos dedos
Se escapariam pelas curvas
Em viagens labirínticas...
E, pianíssinimo, piano, mezzo piano,
mezzo forte, forte, fortíssimo...
crescendo e diminuindo, maior e menor
em solo, em duo...
cunharíamos, em orgia sensual,
nossa cinética musical!
No orgasmo cósmico do AMOR E DA PAZ!
Dueto: Silvia Mota e Hildebrando Menezes
Nota: Inspirado no texto original de Silvia Mota
‘A Maestrina do Amor’ publicado no Mural dos Escritores
http://muraldosescritores.ning.com/profiles/blogs/maestrina-do-amor