Retrato da perfeição

Curiosamente, nada do que passamos,

Desde o mais ínfimo detalhe,

É em vão!

A força cósmica é algo admirável;

O movimento rotatório da ação-reação

Gira o mundo e as pessoas...

O que hoje é, certamente não o será amanhã,

Ainda que do mesmo jeito.

Filhos da luz que somos, buscamos trevas...

Filhos do amor, brotamos ódio...

Na esperança, pregamos pessimismo...

E a felicidade, vela acesa num castiçal dourado,

Nunca a acendemos em nós,

Como se não a merecêssemos,

Como se para ela não tivéssemos nascido.

A dicotomia existe e insiste em cada vão

Das obscuras zonas da razão que sustenta a alma...

Os dois lados oferecem visão permanente

De todos os fatos da existência:

Tudo fruto de um amor Divino,

Enraizado em cada um de nós,

De frente para o infinito.

Passamos longas horas a meditar sobre nós mesmos

E os minutos corroem o pensamento;

Os segundos escorregam pelo espaço ermo,

Onde nos procuramos, e nos atingem

Sem qualquer disfarce.

É tão simples:

“Olhe, estão aí meus sentimentos;

Veja, são todos teus meus pensamentos

E isso em mim é o que não se pode mudar”.

O tempo foi no sabor da saudade,

Levou consigo histórias

Que a vida não conseguiu apagar;

Levou toda a sorte de coisas

Num mar de incertezas;

Trouxe, no vento, o cheiro bom do encontro

E na chuva espessa, o sentimento maior.

Sublime capricho em busca da perfeição...

Os lados parecem opostos;

No entanto, sorrimos do acaso,

Ao saber que são os mesmos que tão bem conhecemos,

Apenas o círculo de vidas brincou de esconder

Para que o fruto não corrompesse novamente a alma.

Sol Galeano
Enviado por Sol Galeano em 02/02/2009
Código do texto: T1418557
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