Retrato da perfeição
Curiosamente, nada do que passamos,
Desde o mais ínfimo detalhe,
É em vão!
A força cósmica é algo admirável;
O movimento rotatório da ação-reação
Gira o mundo e as pessoas...
O que hoje é, certamente não o será amanhã,
Ainda que do mesmo jeito.
Filhos da luz que somos, buscamos trevas...
Filhos do amor, brotamos ódio...
Na esperança, pregamos pessimismo...
E a felicidade, vela acesa num castiçal dourado,
Nunca a acendemos em nós,
Como se não a merecêssemos,
Como se para ela não tivéssemos nascido.
A dicotomia existe e insiste em cada vão
Das obscuras zonas da razão que sustenta a alma...
Os dois lados oferecem visão permanente
De todos os fatos da existência:
Tudo fruto de um amor Divino,
Enraizado em cada um de nós,
De frente para o infinito.
Passamos longas horas a meditar sobre nós mesmos
E os minutos corroem o pensamento;
Os segundos escorregam pelo espaço ermo,
Onde nos procuramos, e nos atingem
Sem qualquer disfarce.
É tão simples:
“Olhe, estão aí meus sentimentos;
Veja, são todos teus meus pensamentos
E isso em mim é o que não se pode mudar”.
O tempo foi no sabor da saudade,
Levou consigo histórias
Que a vida não conseguiu apagar;
Levou toda a sorte de coisas
Num mar de incertezas;
Trouxe, no vento, o cheiro bom do encontro
E na chuva espessa, o sentimento maior.
Sublime capricho em busca da perfeição...
Os lados parecem opostos;
No entanto, sorrimos do acaso,
Ao saber que são os mesmos que tão bem conhecemos,
Apenas o círculo de vidas brincou de esconder
Para que o fruto não corrompesse novamente a alma.