Transbordo

Veloz, deixo a moderação para trás

Abro a janela, acendo a faísca rumo a combustão

Degusto a fumaça na estrada, cheiro de gasolina

Um assobio toma conta dos ouvidos, alto e contínuo

O vento lateral deforma meu rosto, os cabelos soltos vendam meus olhos

Turbinas ativas, paralisia causada pela arritmia, na veia adrenalina

O conta giros em alta rotação

Reta ferrenha, o acelerador no talo

A origem repleta de curvas, circunstâncias

Feito banheira transbordo, excesso de água sem ralo

Tenho pressa e aprecio o que não posso ter

Exceto coragem de conduzir por pontes inacabadas

Vejo placas ilegíveis no horizonte, quadro a quadro

E aguardo-as onde estou, encontro certo com o nada

Desafio o perigo a todo momento por não saber o que é acaso

E mergulho em meus dilemas num rasante, para não voltar à realidade.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 28/01/2024
Reeditado em 30/01/2024
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