Visitando a Escadaria de Jacó

Brincando ao redor da Escadaria de Jacó

Revi velhos amigos, reencontrei minha avó

Deu-me conselhos e estranhos alertas

Mandou deitar-me, me cobriu de grossas cobertas

Retirou teias sujas das minhas entranhas

Puxava através da pele; doía mas era cura

Eu suava e tremia de frio, desprotegido e só

Enquanto subia os degraus da Escadaria de Jacó

Olhando para o alto da Escadaria de Jacó

Avistava o telhado das casas da minha rua, meu jardim

E do alto do teto do meu quarto eu olhava pra cima e olhava pra mim.

A escada era de pedra, era de luz, era de nada

Era ora íngreme, larga e reta, ora tortuosa e estreita

Em delírio sentia as carícias da mão da Morte à espreita

Que pacientemente transforma a tudo e a todos em pó

E apesar da escuridão e da brisa fria, eu seguia, e subia

E nada temia, pois havia luz

no final da Escadaria de Jacó

Que bom seria se todos os loucos sonhassem as mesmas loucuras

E pela fé cega dos loucos o mundo se remodelaria

Mas a loucura é um claustro que nos afasta da realidade

E nos dessensibiliza das dores de quem nos cerca

E nos cantos dos sorrisos percebemos as tristezas

De quem volta para casa e vê vazia a mesa, cheia de saudades

E pílulas, drogas, doenças e solidão convidam os ainda vivos

A uma breve visita a um outro mundo que parece ser melhor

Onde o corpo fica leve, e o ar é sempre limpo e o sol é sempre ameno

E todo infortúnio fica pequeno

ao subir a Escadaria de Jacó

Dark n Blue
Enviado por Dark n Blue em 21/06/2023
Reeditado em 23/07/2023
Código do texto: T7819111
Classificação de conteúdo: seguro