Soneto Surreal

Quantas vozes na lassidão ouvias

Que falavam das vontades do corpo

E era o mesmo coração que batia

Bem lentamente no corpo de outro

Era a vertigem de não ser alguém

Em um sentimento de cruel ironia

O corpo se violava aqui e no além

Almas flanavam e o corpo arrepia

Vivias na patologia do absoluto

Um encarcerado implorando seu induto

Vermes verdes se contorcendo no quintal

Um disforme pomar cheio de frutos

Eram negros como a ponta dum charuto

Em uma sala de espera, uma atmosfera surreal