Deste quadro imaginário que vejo

No meu costume de tecer enredo de fantasia.

vejo-as, e o valor delas para mim

está só em serem vistas depois de escritas

antes mesmo de as sonhar…

tudo mais, que lhes acrescentasse,

diminui-las-ia, porque diminuiria,

por assim dizer, a sua «realidade».

da espiritualidade com que nasce,

nasce porque a sentes, porque existe por ti

nessa brisa que te afaga o rosto,

o sal da areia que te fustiga o corpo,

no tremor das tuas pernas

na lágrima que te escorre pela face

o falso repugna-me, porque o falso não se sente

e se o sentes, como é falsa a saudade que canto?

como é falsa a dor que presentes a cada beijo de despedida

como ser falso o orgasmo que te nasce do ventre,

nada existe de falso nos sonhos

as palavras não mentem…

havia uma tela na parede uma figura esguia, envelhecida

desbotada pelo tempo, e chamava, clamava, pedia

e a parede, a parede-vazia…

Alberto Cuddel

18/02/2020

02:45

In: Nova poesia de um poeta velho

Alberto Cuddel
Enviado por Alberto Cuddel em 26/02/2020
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