Chapeuzinho Vermelho, de Mendonça

Mendonça aqui,

não é somente uma cidade.

É o pseudônimo de afinidade,

essa que tem vários codinomes,

inclusive pode ser chamado de amor.

Amor carnal, sensorial, espiritual,

amor de casal ou amor simplesmente casual,

sei lá, Chapeuzinho.

E nem sei também de lobo algum.

Afinidade também pode significar algum sintoma

e nem todos eles indicam coisa ruim.

Pode ser, sim, um sorriso

e sorriso indica felicidade.

Pode ser um aperto no coração

e isso pode ser a indicação

de alguma saudade, bandida e escondida,

só para pirraçar.

Toda saudade é bandida

e bandida é sinal de incorreção,

n’alguma atitude incorreta

ou da coisa certa que não foi feita,

que também pode ser chamada

de omissão.

A afinidade que o surfista tem com o mar,

a mesma que o mineiro tem com o trem,

que o sertanejo tem com a plantação

e quanto a chuva, que vem ou não vem

e não me ocorre que afinidade não nos faça bem.

É que não dá para explicar.

Há tanta coisa que não se pode explicar!

Pode parecer fácil,

mas nesse caso, pode ter faltado,

afinidade com algum oráculo,

algum mago ou alguma feiticeira

ou velhaco que nos ensinasse a surrupiar aquela carteira,

somente para ficar com a identidade.

É muito mais que pura magia.

É quase que poesia, se houvesse essa pretensão

ou uma canção, se eu tivesse esse direito,

mas como, se nem quem estuda Direito pode explicar?

Como explicar o mar para o surfista

ou para o simples banhista?

A pista para o atleta ou o óbvio para o pateta?

Afinidade com o inexplicável é própria dos cientistas

e nem a ciência é capaz de explicar tudo,

mas enquanto isso, Chapeuzinho,

posso lhe assegurar, que aqui nesse lugar,

tão próximo do mar,

não tem lobo mal algum.

Tanto o peixe quanto o pescador,

ambos têm muita afinidade com o mar.

A jangada, que também chamam de canoa.

Tanto faz. Isso também é afinidade. Que coisa boa!