E minha alma caiu no rio...



Entre plêiades e rastros luzidios ,
Ilusão tola de quem não conhecia,
Qu’a vida breve sustentada por um fio,
Fina poeira levada por mera ventania...

Oculto ermo daquela estrela, minh’alma...
Padecia,contudo,d’estranho lamento...
Monótonas orbitas,tormentosa calma...
Universo monstruoso naquele momento!

Quisera,pois,despencar vertiginosa altura,
Fugir de tenebroso sonho,falso paraíso...
Onde visitasse,deveras,um dia,a ventura.
Cair,talvez,morrer,quem sabe ,era preciso!

“Fala-me oh Eterno,onde reside quimera?”
Minha alma feito leve pluma ao vento,
Arrebatada qual ferida ave,temida procela!
Despediu-se,pois,dos astros do firmamento...

Ah!Que ela caiu no rio,cristalinas águas!
N’Outono,qual amarela folha d’azevinho
Que flutua sobre as marolas do riachinho,
Lavou-me a alma d’ angustias e das magoas...

Hoje,a ventura não visita,contudo,mora,
Reside feliz em tosco ninho de beija flor,
Sem tristeza . alegria ,sem ódio ou amor...
Ela é o rio cujas vagas correm ,bem,agora!