O negociador de orgãos

Os meus olhos pelos seus,

para através das suas retinas,

enxergar as maravilhas da vida,

com todo o otimismo que eu não consigo ver.

Vislumbrar a vida com a sensibilidade

de uma poesia, filtrando a hipocrisia,

como se as nossas falsidades,

fossem meros detalhes,

mas são só os seus olhos.

Esses mesmos olhos que eu quero pra mim.

Enfim, menina,

há uma enorme diferença na sua forma de olhar.

O seu tato pelo meu tato,

pois é diferente a sua forma de tocar.

Como se fosse uma cega

ao ler por um alfabeto especial,

mas, há sim,

algo peculiar no seu jeito de tocar

e o seu jeito de amar, então,

você não odeia,

por isso descarta o perdão.

Consegue até amar os seus desafetos,

pois o perfume do ciúme,

que a muitos inebria,

nem um bocadinho te contagia,

isso enquanto você, menina,

permanece envolta pela neblina,

só se revelando para o rei Sol,

que é, com certeza,

um astro muito maior.

Seus desejos pelos meus desejos,

pois os seus são muito mais puros

e os seus beijos, objeto de ternura,

suaves como as borboletas em pleno voo.

Sua boca pela minha boca,

pois a sua é incapaz de ofender

e nem para se defender você eleva o tom.

Barganhar essas maravilhas que há em você

e que te fazem ser uma pessoa única,

quase que inexistente,

ou então presente somente na mente,

de quem também tenta a perfeição,

mas é uma árdua missão,

crer que para nós, seres imperfeitos,

tidos como os preferidos no planeta,

ainda haja redenção.

Perdão pela falta de otimismo,

mas é exatamente por isso

que eu queria o seu coração.