E TUDO NÃO PASSOU DE UM SONHO!
 
Um dia retornei a minha casa de infância, comigo estavam a fulga flor
de inverno e meu filho amado, em inocente fluorescência.

Por dentro,os quartos, a cozinha, o corredore a salaainda estavam com os pisos pintadosde vermelhão tal como quando outrora alihabitara entre reinos e lendas de minhaimaginação.

Mas o quintal fora bruscamente capinado,transformando-se em deserto árido.

A flor de inverno se distraía a meu lado, ouvindo minhas magníficas estórias passadas, quando meu filho estava às margens de uma enxurrada com as mãozinhas a esconderemum achado.

Ao contemplar a estranha cena, alvoroçou-se ela,preocupada.

– Deixa o garoto que, o quintal das quimeras precisa ser reflorestado com mil primaveras e com sonhos imaginados de mil eras.

De repente, meu filho se nos corre eufórico, mostrando, às pequeninhas mãos, sua primeira grande conquista folclórica.

Aterrorizada, gritou ela ofegante, que da puerícia houvera se esquecido.

– Larga logo isso, menino, que esse bicho veio do averno!

Ao ouvi-la, sorria eu silente, e meu filho se sorriaaos dentes. 

– Vai não! Vai não, que dele tirei o ferrão!

Pegou então a linha de aprumar papagaio que carregava na algibeira da bermuda, amarrou-se ao dorso do marimbondo preto e saiu a voar gritando aos ares dos concretos:

– Sou herói e esse é meu corcel alado!

E a flor de inverno, que a nada entendia, mais uma vez preocupada me dizia:

– Será que seu filho está bem?

– Sim, está muito bem meu filho amado, e é por isso que ele vai voando alado, a reinaugurar os terreiros secos do mundo com todo tipo de estórias e de sonhos encantados!
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 23/01/2017
Reeditado em 23/01/2017
Código do texto: T5890800
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