Tanto quanto

Tanto morre em mim todo dia

que escombros já não me espantam...

Quanto cinzento que assola

que sombras já não me assombram...

voa distante o espavento,

nem mesmo me alcança a dor...

e mesmo que haja o ardor

necessito dos decessos

pra que me safe do horror...

Silêncio, furna e mistérios

é tudo o que me decanta,

me estanca...

é assim que me faz viver...

É no breve entardecer

que as pedras às vezes se encontram,

debalde não se comungam

porque veem no tempo o fim;

enfim,

tantos nós que me teceram,

quantos ventos me torceram,

e , em mim, tantos já morreram

e em tantos também morri...

BetoAcioli
Enviado por BetoAcioli em 02/12/2016
Reeditado em 02/12/2016
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