Adormeci sorrindo...

O piano recitava o Clair de Lune,
D’ Outono,alvas brumas tão frias,
Algo n’alma,murmurava,assim,dizia,
De um bem distante,deveras,sublime...

Aquela face ,inebriante beleza casta,
Mais linda que a própria formosura!
Que entorpece e ao delírio me arrasta,
Caminho sem estrelas,em noite escura...

Quanto mais fitava,cruel era a esquiva,
Ai!Que a beleza perfurou,torpe,a retina!
De onde não sei,o grito ”Cego a tua sina!”
Ainda,assim,a imagem resistia tão viva...

Vieste a mim,idílico sonho demais infindo,
Convulsionou meu Ser e louca foi embora
“ Clair de Lune “morria ao passar das horas...
Antes do dia, a claridade,adormeci sorrindo.


Nota do autor;
O termo francês Clair de Lune é usado com duplo sentido:Relaciona á música de Debussy da suíte Bergamasque Clair de Lune e ao final do clarão da lua no alvorecer do dia